Encarava a questão do desenvolvimento como um estadista e cobrava de seus governados a participação no esforço para alcançar seus objetivos: “Cada um que contribua com o seu grão de areia para a construção do Brasil maior terá cumprido o seu dever”.
Além de pregar que todo desenvolvimento deveria ser guiado por estratégias e planos setoriais, entendia também que devia haver uma integração dessas estratégias no âmbito estadual, nacional e mesmo continental. Explicitou bem esse seu conceito em discurso na IX Conferência dos Governadores da Comissão Interestadual da Bacia Paraná-Uruguai, em 1965.
Essa região, conformada pelos Estados de Mato Grosso, Goiás, Minas, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, congrega 53% da população e 40% do território nacionais. Identificou para a região três problemas maiores: “o da navegação, o da eletrificação e o da industrialização. É natural, portanto, que a nossa visão e o nosso empenho ganhem projeções continentais e se preocupem com o mais dilatado futuro.
Dizia então: nosso governo, em São Paulo, está sob o signo do planejamento e da integração. Não compreendemos nenhum trabalho que diga respeito a uma projeção para ao futuro, desligado de uma planificação e de estudos dinamizados pelo propósito de colocar com firmeza, a técnica a serviço do homem(…). (…) Vejo, defendo e profetizo na área desta Comissão, sete pólos de industrialização regional, um em cada Estado membro. Sem inibições para outros centros produtores integrados na realidade de suas respectivas zonas, as quais dispensam e até mesmo proíbem conflitos de produção, para favorecer um intercâmbio rápido e econômico de matérias primas e manufaturadas. É bem de se ver o que representa a consecução deste objetivo: sete distintos pólos de industrialização regional, um em cada Estado, planificados para se completarem e apoiarem, aproveitando e servindo-se das circunstâncias e dos fornecimentos locais, valorizando o homem e a região, utilizando o gigantismo benéfico e, já então disciplinado, de um dos seus rios. Somos todos vizinhos, neste mundo só!”.
O Conselho de Expansão Econômica, foi o instrumento criado por Adhemar de Barros para propiciar a participação dos setores produtivos no planejamento e execução de sua estratégia de desenvolvimento. Aos empresários chamados a enfrentar esse desafio dizia: “Sonhamos com um São Paulo grande dentro de um Brasil ainda maior”.
Foi criado em março de 1939, reunindo a Federação das Indústrias, Associação Comercial, Sociedade Rural Brasileira, Instituto do Café e outros, da iniciativa privada e pelo Estado, representantes das secretarias da Agricultura, Indústria e Comercio, Viação, Fazenda, do Banco do Estado. Era órgão consultivo para os assuntos atinentes à economia e ao desenvolvimento. Teve como primeiros dirigentes, Heitor Penteado, presidente, Mario Beni, secretário e José Castro de Paiva.
Resultado das iniciativas desse Conselho foi a abertura do mercado estadunidense para produtos brasileiros como laranja, mamona, minério e mandioca, para atender a economia de guerra daquele país. Além dessas funções, queria que ao Conselho não coubesse “…apenas a incumbência de dinamizar as forças do nosso cenário econômico e equacioná-las para os objetivos referidos. Há também que penetrar, em marcha reversiva, as suas fontes e origens, para aí operar, com pleno conhecimento dos fatores ambientais, a estruturação da aparelhagem estatal com que presentearemos o futuro, assegurando-lhe estabilidade e vigor, até nossos dias ainda não fruídos. (…) Esta câmara consultiva será, pois, chamada a prestar àquele departamento do governo do Estado uma cooperação de grande alcance nas transformações por que deve passar, para habilitar-se a satisfazer os fins a que se destina”.
Além desse Conselho, havia sido criado o Conselho Técnico de Economia e Finanças do Estado, presidido pelo próprio governador e pelo secretário da Fazenda, Coriolano de Araújo Góes Filho. Entre os conselheiros: Raphael de Abreu Sampaio Vidal, Victor da Silva Freire, Renato Paes de Barros, José Ayres Monteiro e José Vicente Álvares Rubião.
Uma das reformas propiciadas pelo Conselho foi a organização das Caixas Econômicas. Quando assumiu seu terceiro mandato, em 1963, tinha praticamente pronto o seu Plano de Desenvolvimento Integrado – Pladi. Que se preocupa em projetar os problemas e equacionar as soluções respectivas para um mínimo de dez anos sobre o futuro do Estado. Em 1963, propiciou o reaparelhamento e nova regulamentação para a Junta Comercial do Estado, valorizando a participação do setor na gestão do Estado.
Em seu segundo mandato como governador eleito, criou o programa da Aliança Brasileira para o Progresso, com diretrizes básicas para “realizar estudos, planejamento e execução de programas de cooperação econômica, científica, social, educacional e cultural com os governos, entidades autárquicas e privadas, dos demais Estados da Federação, particularmente nas regiões do Norte, Nordeste e Centro Oeste do País, coordenando a ação de órgãos existentes e a execução de trabalhos que se relacionem com suas finalidades”.
Falou como estadista quando na Câmara Americana de Comercio, a 14 de fevereiro de 1963, explicou seus objetivos de sua recém-lançada Aliança Brasileira para o Progresso: “As relações entre os povos se estreitam de tal forma que interesses, ontem antagônicos, hoje se atraem e completam, de forma nítida, a vivência de problemas que alcançam os níveis mais altos onde se situam as filosofias e as ideologias. … Daí, haver-se acentuado o princípio da interdependência dos povos, que o comércio, praticado em bases de reciprocidade, sublinha como um caminho amplo de paz e entendimento.
Este é um mundo só, em que pesem a autodeterminação dos povos e a soberania das nações. Nós acreditamos nessa soberania e nessa autodeterminação, quando elas se abrem com igualdade para todos os países, sem distinção de cortinas ou ambições pré-fabricadas nas oficinas de ideologias exóticas. (…) Friso, repito, insisto em que a Aliança Brasileira para o Progresso não é paulista, mas brasileira. Não tem sentido político, mas econômico. Não se prende à iniciativa pública, porém, acima de tudo, à iniciativa privada. Não se destina a ajudar políticos de qualquer cor partidária, mas propiciar meios ao desenvolvimento. Não é contra a Aliança para o Progresso, mas um aceno brasileiro para que ela possa realizar o seu alto fim”.
Em sua primeira administração, iniciou os trabalhos de reerquimento da região do Vale do Paraíba criando o Serviço de Melhoramentos do Vale do Paraíba, continuado com o Pladi, elaborado para 1963-66. Para o Vale do Ribeira, uma das regiões mais atrasadas, mandou explorar minas de ouro, chumbo, estanho, zinco, cobre, ferro e mármore da região, construindo usinas em Apiaí e Iporanga, represando o rio Palmital para gerar a energia necessária.
Em 1950, inaugurou o Hospital Regional e o Aeroporto de Pariquera Açu e, quando retornou ao governo em 1963, instruiu a equipe do Planejamento a preparar o Plano Global para o Desenvolvimento do Vale do Ribeira e Litoral Sul. O problema da energia era crucial no Brasil. Em 1949, criou a Comissão de Energia Hidroelétrica, aprovando uma política energética que vem sendo executada até hoje.
Entendia que o desenvolvimento da agricultura dependia de créditos a custo acessível, fomento à produção diversificada (policultura), silos, tecnologia, e vias de escoamento e distribuição. Para tal, reorganizou a Secretaria da Agricultura. No planejamento para o período 1947-1951, propôs a intensificação da produção agrícola para estimular o trabalho e a riqueza no interior do Estado, favorecendo a indústria e o comércio nos grandes centros.
Para executar o plano de mecanização o Banco do Estado financiava a produção, deduzindo as despesas com a mecanização. Nas sucessivas administrações organizou o Cadastro Agrícola do Estado, realizou o Programa de Experimentação de Produção para Difusão do Cooperativismo, elaborou o Plano de Colonização e Pequenas Propriedades, criou a Comissão de Assistência Técnica aos Lavradores e instalou a Colônia Agrícola Holambra, para imigrantes holandeses.