segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Planejamento

Não concebia governar sem planejar. Todas as suas campanhas foram desenvolvidas em torno de uma proposta de realizações. Cada administração que esteve sob sua responsabilidade seguiu um Planejamento Estratégico e Planos Setoriais. Quando interventor, governou com os planos do Governo Federal, porém, dando espaço à participação dos investidores através do Conselho de Expansão Econômica. Quando assumiu o primeiro mandato como governador eleito, governou seguindo as diretrizes apontadas no plano A Meta é o Homem, com que se apresentou como candidato.

E ao assumir seu segundo mandato como governador eleito, governou obedecendo ao Plano de Desenvolvimento Integrado – Pladi. Completou essa sua idéia com a criação da Secretaria de Planejamento.

Desde o tempo de Interventor do Estado, colocava a necessidade de integrar o planejamento da produção agrícola e da política viária para escoamento das safras entre os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Todas as estradas que planejou obedeciam a esse critério. As principais ferrovias e rodovias eram vias de penetração em direção ao Oeste e se interligavam com o Porto de Santos, que queria fosse o embarcadouro da produção também do Paraguai e da Bolívia.

O Pladi, apresentado em 1964, define as tendências da evolução da economia paulista e o papel que o poder público espera desempenhar no triênio 1964/66. O plano é normativo no que se refere a investimentos do Estado e indicativo para o setor privado e fixa meta de crescimento da economia em 7% quando o crescimento demográfico estava em 3,5%. Prioriza para o Vale do Paraíba a promoção de condições humanas de vida e trabalho e a ampliação do mercado de trabalho pela criação de novas atividades.

Outro ponto forte durante sua gestão de 1963/66 foi propiciar a divisão do Estado em Regiões Administrativas.

O ciclo do café em São Paulo começou no Vale do Paraíba, mas essa região permaneceu algumas décadas abandonada, de tal forma que chegou a ver sua população diminuída. O maior problema era o das inundações e suas seqüelas sanitárias, inutilizando mais de 35 mil alqueires de terras férteis.
Em sua primeira administração, iniciou os trabalhos do que qualificava dereerguimento dessa região. Para isso, criou o Serviço de Melhoramentos do Vale do Paraíba, com mais de 20 engenheiros dirigindo turmas empenhadas na coleta dos dados hidrológicos topográficos e geológicos indispensáveis ao estudo dos problemas.

Em novembro de 1939, anunciava que em seis meses haviam estudado 120 km de rio, compreendendo uma área de 40 mil hectares.
O Pladi, elaborado para sua administração de 1963-66, priorizava para o Vale do Paraíba a promoção de condições humanas de vida e trabalho e ampliação do mercado de trabalho pela criação de novas e mais rendosas atividades.

Tradicionalmente uma das mais atrasadas e abandonadas regiões do Estado. Achou com acerto que o melhor caminho para o desenvolvimento da região era seguir sua vocação mineradora desde os tempos coloniais. Mandou explorar as minas de ouro, chumbo, estanho, zinco, cobre, ferro e mármore da região, construindo usinas em Apiaí e Iporanga, represando o rio Palmital para gerar a energia necessária.

Em novembro de 1939, na reunião de interventores federais, anunciava que“nessa região estamos instalando usinas capazes de fornecer ao país, e sobretudo às forças armadas, nada menos de 10 toneladas diárias de chumbo, e podemos produzir também 300 a 400 gramas diárias de prata”.
Anos depois, em 1955, falando a empresários no Rio de Janeiro, lamentava que a Usina de Apiaí não tivesse prosseguido em sua importante tarefa, que produzia 10 toneladas de chumbo quando deixou o governo e disse não saber o que ocasionou a paralisação.

Inaugurou Centros de Saúde e escolas em pelo menos oito municípios da região e a 18/1/50 inaugurou o único hospital até hoje construído no Vale do Ribeira, o Hospital Regional de Pariquera Açu. Em dezembro de 2000, a comunidade de Pariquera Açu comemorou festivamente o 50º aniversário da conclusão das obras desse hospital.

Ele acreditava “que não existem raças nem povos inferiores ou indolentes. O que existe, isto sim, como no caso particular de que tratamos (o subdesenvolvimento do Vale do Ribeira), é falta de uma orientação assistencial que eduque a população no sentido de despertar-lhe e assegurar-lhe os princípios de uma vida elevada e digna, que é a que merece a pessoa humana. Proporcionamos, pois, a ela toda assistência de que necessita e vê-la-emos transformada no poderoso fator de trabalho e progresso, que é o elemento homem, forte, sadio e civilizado”.

Para integrar a região à economia do Estado, providenciou a ligação por mar entre Iguape e Santos, e completou a linha férrea da Sorocabana no trecho Juquiá – Santos. Promoveu também a recuperação do serviço de navegação fluvial na bacia do Ribeira, que estava a cargo de empresa particular, passando-a para a Sorocabana. Para muitos dos povoados da região o único contato com a civilização era a chegada do barco com o correio, o padre para casamentos e batizados. Mais tarde, foi providenciado um barco hospital que atendia a população do Vale.

Quando assumiu o governo, eleito, em 1947, a situação da agricultura – particularmente nas culturas de banana e arroz – estava bastante deteriorada por causa das enchentes. Solicitou, então, um estudo indicando as providências a serem adotadas imediatamente, as quais foram efetivamente realizadas: Ponte sobre o Rio Juquiá, em Santo Antonio de Juquiá; Ponte sobre o Rio Ribeira de Iguape, em Registro; Construção de estradas de rodagem que façam ligação de Iporanga com Xiririca (Eldorado Paulista) )passando pelas barras do Turvo, Braço e Batatal) e de Iporanga a Serrana, passando por Braço; Construção de um trecho de estrada de rodagem ligando diretamente às minas de fosfato de Jacupiranga à estrada da ex-colonia, para dar saída rápida do minério até o Mar de Cubatão; Recomeçar e concluir a construção da estrada de Biguá à Iguape, em uma extensão de 50 km, dos quais 12 já estão concluídos; Construção de um cais atracável no Cubatão, no mar do mesmo nome, para escoamento dos produtos regionais por via marítima; Proceder o balisamento da Barra do Icapara; Desobstrução do Rio Ribeira e seus afluentes em seus trechos navegáveis; Reaparelhamento dos navios da antiga Cia. De Navegação Fluvial Sul Paulista e reiniciar regularmente o transporte fluvial marítimo; Regularizar o serviço de navegação, em canoas com motor de popa, entre Xiririca e Iporanga; Regularizar o serviço de correio em Iporanga; Facilitar a criação de uma linha regular de ônibus entre Iporanga e Apiaí; Prolongar a Estrada de Ferro Sorocabana além de Juquiá, conforme plano já existente; Prosseguir a construção da estrada de rodagem Juquiá a Santos; criação de uma Estação Experimental Tropical em Santos; Criação de um campo de produção de sementes e mudas, destinado a atender os agricultores do litoral, em Registro; Criação de um Posto Zootécnico, em Registro; Criação de um Posto de Monta, em Xiririca; Criação de uma Escola de Pesca, em Iguape; Criação de uma Escola Profissional Mista, em Registro; Criação de um Centro de Saúde, em Iporanga; Reaparelhamento dos Centros de Saúde e de meios para facilitar a permanência dos médicos nas suas zonas, dando maior eficiência ao serviço.

Em 1950, mandou construir o Aeroporto de Pariquera Açu e, quando retornou ao governo em 1963, instruiu a equipe do Planejamento de sua administração a preparar o Plano Global para o Desenvolvimento do Vale do Ribeira e Litoral Sul. O Plano previa obras contra cheias, irrigação e drenagem, geração de energia, abastecimento de água e urbanização.