Interventor em São Paulo 1938-1941- O SEU PRIMEIRO GOVERNO
A Revolução de 1930 rompeu com as estruturas de poder da oligarquia agrária da República Velha iniciando período de intensas contradições. Em novembro de 1937, Getulio Vargas proclamou o Estado Novo que muda completamente o panorama político com o fechamento dos legislativos em todos os níveis, a nomeação de interventores nos Estados e municípios e reformas administrativas.
Esse rompimento foi traumático em São Paulo que reagiu com a Revolução de 1932. A derrota não pacifica os paulistas. Comunistas à esquerda e integralistas à direita também pressionam por maior espaço político.
Para preencher o vazio político em São Paulo, Getúlio Vargas queria alguém não comprometido inteiramente com as forças tradicionais mas que tampouco fosse por elas rechaçado. É quando Filinto Muller lhe apresenta Adhemar de Barros. O encontro ocorreu em São Lourenço, Minas Gerais, a 22 de abril de 1938, dia em que Adhemar completava 37 anos e foi nomeado interventor federal em São Paulo.
Entre 1938 e 39, substituiu todos os prefeitos do interior dando preferência a gente jovem, independente. Pensando no futuro formava sua própria base de sustentação política. “Desde que assumi a interventoria, dizia em 1939, voei 25 mil quilômetros de avião e visitei 58 cidades, muitas das quais jamais tinham recebido a visita pessoal de um chefe do Executivo Estadual”. Essa prática jamais seria abandonada em sua carreira política.
Médico, de formação humanista, priorizou enfrentar o problema da saúde pública, um dos mais graves no Estado, realizando gigantesca obra de saneamento básico e programas de erradicação das principais endemias como a tuberculose, o pênfigo foliáceo, lepra e outras.
Criou o Departamento das Municipalidades e manteve na prefeitura da cidade de São Paulo o engenheiro Prestes Maia. Ambos realizaram importantes intervenções urbanas que mudaram a paisagem da capital paulista. No interior, seu esforço foi no sentido de diversificar a produção agrícola até então quase exclusivamente centrada na produção do café. Iniciou programa de construção de estradas vicinais e iniciou a construção do complexo da Via Anhanguera/Via Anchieta, modernas vias de concreto para escoamento das safras agrícolas para o porto de Santos.
Um dos primeiros atos como Interventor foi a criação do Conselho de Expansão Econômica que reuniu empresários de todos os setores: da Federação das Indústrias, Associação Comercial, Sociedade Rural Brasileira e outras organizações da sociedade civil.
Em março de 1940, por ordem de Getúlio Vargas, determinou a interveção no jornal O Estado de São Paulo, da família Mesquita, parente do ex-governador Armando Sales de Oliveira, ambos fazendo cerrada oposição ao Estado Novo. O diretor, Júlio de Mesquita Filho, saiu para o exílio. Somente em dezembro de 1945 o jornal foi devolvido a seus proprietários.
No final de 1940 o crescimento político de Adhemar já incomodava às hostes do varguismo. Acusado de conspirar contra Vargas e de malversação de recursos públicos, Adhemar foi demitido em junho de 1941, sem qualquer direito à defesa. Não obstante, provou sua inocência mais tarde perante o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo – Proc. TC 1/47.