segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

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Acervo de Adhemar de Barros


O projeto de pesquisa, recuperação, classificação e arquivamento do Acervo de Adhemar de Barros, bem como a confecção do Banco de Dados de Referência foi inteiramente desenvolvido pela Nova Sociedade Comunicação com equipe de consultores independentes e estagiários e a coordenação geral do jornalista e ensaísta Paulo Cannabrava Filho. Os procedimentos para pesquisa e classificação foram planejados e implantados por Suely M. Grisanti, mestre em história, graduada em biblioteconomia que treinou a equipe inicial. A etapa de implementação e atualização dos procedimentos de pesquisa e classificação foi desenvolvida pela socióloga com especialização em Patrimônio Cultural Silvia Maria do Espírito Santo.

A pesquisa iconográfica na área de fotografias contou com a orientação técnica do fotógrafo e pesquisador Iatã Cannabrava. As sistematizações foram elaboradas pelo coordenador geral auxiliado por suas assistentes. Integraram a equipe de trabalho: Dra. Carla Renata Ferreira, engenheira, como assistente da coordenação geral; Mestranda Denise Carvalho, jornalista, como assistente da coordenação geral; Cláudio Oliveira Ribeiro – mestrando em sociologia, na pesquisa de documentos; Kátia Regina Riedel – mestranda em sociologia urbana, na pesquisa de documentos; Mirian Della Posta de Azevedo – acadêmica de história, na pesquisa de documentos; Andréa Costa Soares – acadêmica em Artes Cênicas, na pesquisa iconográfica; Mariana de Oliveira Sampaio – acadêmica em Arte Fotográfica, na pesquisa iconográfica; Silvina Andréa Bianchini – acadêmica de história, na pesquisa iconográfica e histórica; Rodrigo O. Ribeiro – acadêmico de história, na pesquisa de documentos; José Maria Pereira Lopes – especialista em pesquisa na área de cinema e vídeo, na pesquisa iconográfica de imagens em movimento; Viviani Lorençon de Souza – programadora de informática – encarregada do desenvolvimento do banco de dados; Gislene Pogetti Chaves – especializada em editoração eletrônica – encarregada da programação em HTML; Ana Lúcia Marcondes, artista plástica, encarregada da programação visual.

*Acervo de Adhemar de Barros: http://www.adhemar.debarros.nom.br/

Interior de São Paulo

Adhemar de Barros foi mesmo um realizador de obras. E foi diferente dos demais administradores que governaram São Paulo porque além de atender as emergências, administrava com planejamento de curto, médio e longo prazo. Será difícil, se não for impossível, encontrar uma cidade do interior paulista que não tenha pelo menos uma obra realizada por Adhemar de Barros em uma ou mais de suas gestões como governador do Estado.

Cidade de São Paulo

São Paulo elegeu o seu primeiro Prefeito somente em 1954, quando conquistou a emancipação política. Até então, os responsáveis pela administração eram os próprios Governadores, que nomeavam seus Prefeitos. Foi responsável pela administração de São Paulo quando foi interventor, de 1938 a 41, como Governador eleito, de 1947 a 51, e finalmente, de 1957 a 61, eleito Prefeito por eleição direta. Quando interventor, criou o Departamento das Municipalidades, para planejar e gerenciar as administrações.

Manteve no cargo Francisco Prestes Maia, Prefeito nomeado por seu antecessor. Para quem tudo devia ser planejado, deu todo apoio e recurso que Maia necessitava para melhorar a capital.
Em suas gestões, realizou muitas obras para e pelo Estado e que também contribuíram para renovar a paisagem paulistana. Cabe mencionar o edifício do Banco do Estado de São Paulo; a Biblioteca Municipal; o edifício da Caixa Econômica Federal de São Paulo; o prédio do Instituto de Previdência do Estado; Edifício da Secretaria da Fazenda. Muitas de suas obras são referências nacionais como o novo Viaduto do Chá e Parque do Anhangabaú, o Túnel e a Avenida Nove de Julho, as Avenidas Celso Garcia, Tiradentes, Campos Elíseos, Radial Leste, Itororó (23 de Maio). A urbanização do Rio Tietê e a canalização de vários de seus afluentes – que além de provocarem inundações estavam sendo transformados em esgotos a céu aberto – aliadas à construção de galerias pluviais foram outras das suas preocupações. Foram construídas em suas administrações as pontes das Bandeiras, Casa Verde, da Lapa, do Limão.

O turismo urbano também foi incentivado por Adhemar. Em 1940, adquiriu terras e criou um parque no Pico do Jaraguá, preservando a mata nativa numa extensão de 45 milhões de metros quadrados.

Em 1939, criou o Departamento de Zoologia da Secretaria de Agricultura, que assumiu a seção de zoologia do Museu Paulista, com a denominação de Museu de Zoologia. Em 1969, integrou-se à USP. Em 1947, criou o Conselho de Orientação Artística para promover e coordenar atividades artísticas. Nesse mesmo ano, inaugurou o VII Salão Paulista de Belas Artes. Foi também o responsável pela reforma da estrutura do Museu Paulista, no Ipiranga, que é subordinado a USP.

Em 1940, liberou recursos para a construção e habilitação da Biblioteca Municipal Mário de Andrade. Também construiu, na capital, um número expressivo de escolas, faculdades, centros culturais, instituições que contribuíram para transformar a cidade no principal pólo cultural do país. Instituiu o Departamento de Educação Física – DEF – e o complexo olímpico da Água Branca, hoje denominado Baby Barioni. O Autódromo de Interlagos – inaugurado em novembro de 1939 – foi o primeiro a ser construído no Brasil. O Estádio Municipal do Pacaembu e a sua Praça de Esportes foram inaugurados em 1940.

Política Social

Seguindo orientação do governo federal, foi criado o Departamento de Assistência Social do Estado, com o objetivo de, segundo decreto de Vargas, “diminuir ou suprimir as deficiências ou sofrimentos causados pela pobreza ou pela miséria ou oriundos de qualquer outra forma de desajustamento social, e de reconduzir, tanto o indivíduo como a família, na medida do possível, a um nível satisfatório de existência no meio em que habitam”.

Fato novo na política brasileira foi o trabalho da esposa de Adhemar, D. Leonor Mendes de Barros, na área social. Ela revolucionou o papel da mulher junto ao Estado: jamais aceitou ser somente uma dona de casa. Católica praticante, considerava que tinha uma missão por cumprir e pôs-se a trabalhar. D. Leonor dirigia pessoalmente o trabalho social e desenvolvia campanhas periódicas – como a do agasalho e o Natal da Criança, distribuindo alimentos e brinquedos; apoio às creches, amparo às crianças abandonadas e enfermas.

Criou e presidiu a Bandeira Paulista contra a Tuberculose. Fundou a Assistência Social Leonor Mendes de Barros e a Casa Maternal, na capital. Colaborava com a Associação Evangélica Beneficente de Santos e com a Liga de Assistência Social e Combate à Tuberculose de São José dos Campos.

Fundou e manteve os Pavilhões Leonor Mendes de Barros e Nossa Senhora das Graças, ambos no complexo do Hospital do Mandaqui; o abrigo de Emergência na Moóca e em Sorocaba. Colaborava na manutenção do Sanatório de Bussocaba, em Osasco; dos Pavilhões Sóter de Araújo e Guilherme Álvaro, em Santos. Na área de Proteção à infância, inúmeras creches foram patrocinadas ou construídas com o seu apoio.

Realizava todos os anos a Campanha de Natal das Crianças Pobres e, no inverno, a Campanha do Agasalho. Foi iniciativa sua a criação da Casa Maternal para atenção às mães solteiras. Foi também uma grande promotora política nas campanhas eleitorais. Liderou a criação do Movimento Político Feminino, fundado em setembro de 1947. Criou o Departamento Feminino no Comitê da Vitória na campanha de 1954. Participava dos comícios, organizava festas e reuniões.
Desde sua primeira gestão, a maior preocupação na área social eram as crianças.

Para as abandonadas, remodelou o Instituto Modelo de Menores e, em 1940, inaugurou mais quatro pavilhões-dormitório e o pavilhão para menores no Instituto Padre Chico, especializado no atendimento a cegos. Em 1947, instituiu a Fundação do Bem-Estar do Menor e criou os primeiros Conselhos Comunitários de Bem-Estar Social. Em 1960, inaugurou o Instituto Municipal de Educação de Surdos, especializado em crianças. Em 1961, criou o Centro Assistencial de Vila Prudente. No período 1963 a 66, criou o Plano Estadual de Assistência e o Programa de Proteção a Mulher, Crianças e Inválidos. Construiu também o Instituto para Menores e instituiu o Serviço de Remuneração do Albergue Noturno da capital.

Para a questão do menor abandonado, reestruturou o Instituto Modelo de Menores, inaugurando em 1940 quatro pavilhões dormitórios para acomodar 160 internos e um pavilhão no Instituto Padre Chico, especializado no atendimento a cegos. Na gestão iniciada em 1947, propiciou estudos para a criação da Fundação do Bem-Estar do Menor e criou os primeiros Conselhos Comunitários de Bem-Estar Social. Em abril de 1957, como prefeito da capital, libera recursos para conclusão das obras da sede da Sociedade de Albergues Noturnos, no Cambuci. Nessa mesma época libera recursos para o Lar Escola São Francisco.

Em setembro 1960, inaugurou o Instituto Municipal de Educação de Surdos, especializado no atendimento a crianças. No período 1963 a 66, criou o Plano Estadual de Assistência e o Programa de Proteção a Mulher, Crianças e Inválidos. Construiu nessa gestão o Instituto para Menores na capital. Instituiu também o Serviço de Remuneração do Albergue Noturno da capital.
Foi o primeiro administrador a criar Serviço de Comunidades ligado aos Conselhos Comunitários de Bem-Estar Social.

Esse serviço realizou o Trabalho Piloto da Comunidade de Vila Gumercindo. Em 1965, providencia a reforma da Associação dos Surdos e Mudos do Estado de São Paulo, na capital.
Na área de assistência ao trabalhador, instituiu cursos de especialização para operários, em parceria com instituições privadas e organizações de trabalhadores. Desde sua gestão iniciada em 1947, vinha executando um Plano de Desfavelamento do Estado e criou o Plano da Casa Própria – o Cecapi –, programa de construção de casas populares. Em junho de 1960, promulga Lei que cria o Instituto Municipal de Previdência, cuja finalidade é construir, em terrenos municipais, casas populares que serão vendidas com financiamento de longo prazo.
Foram aprovadas diversas leis para os Servidores: 21/2/1948 – Lei nº 74, por meio da qual foi extinta a repartição do Serviço Civil e concomitantemente desdobrado o Quadro Geral do funcionalismo em quadros parciais por Secretarias de Estado, voltando a estas o controle da vida funcional de seus servidores; 14/3/1948 – inaugura diversos melhoramentos públicos. Pedra fundamental do prédio, que servirá de sede para o Instituto de Previdência do Estado; 11/6/1960 – Projeto de Lei encaminhado ao Prefeito Adhemar de Barros, que dispõe sobre a criação do Instituto Municipal de Previdência.

Sua finalidade é construir, em terrenos municipais casas populares, que serão vendidas em longo prazo; 1949 – Projeto Asdrúbal da Cunha (Fonte: Jornal O Cruzeiro).

Política de Segurança Pública

Entre 1938 e 1939, promoveu a reforma da Penitenciária do Estado, que passou a ser considerada uma das melhores do mundo e estava incluída no roteiro turístico da cidade.

Em 1947, priorizou a descentralização da atividade policial com a criação das Delegacias Circunscricionais, na capital, a instalação de distritos policiais nos bairros industriais e a construção de novas delegacias no interior.

Para enfrentar o aumento da criminalidade e os surtos grevistas, reestruturou o aparelho policial, ordenou estudos para a criação da Polícia Feminina do Estado e para a reestruturação da Força Pública. Enfatizou planos de Descentralização Penitenciária e obras na Casa de Detenção, no Presídio Tiradentes e no Presídio da Rua do Hipódromo. É desse período a criação da Escola de Polícia e do Policiamento Móvel Motorizado, com as Radiopatrulhas e o Agrupamento para Policiamento Geral e Urbano. Também dotou de novos meios de transporte as unidades policiais.

No período de 1947 a 1952, as atividades básicas no setor de segurança estavam relacionadas ao problema dos menores na capital e a processos de desapropriação e aquisição de terrenos e imóveis. Na questão dos menores, atacou o problema promovendo a reeducação e criando instituições corretoras. Instituiu os cursos de Assistência psicopedagógica para delinqüentes.

Quando Prefeito da capital, entre 1957 e 61, preocupado com as questões de Segurança procurava auxiliar o Estado no esforço de melhorar o desempenho do setor. Em julho de 1960, por exemplo, assinou Decreto declarando de utilidade pública terrenos localizados nas Ruas Camilo e Vespasiano, no bairro da Lapa, destinados à construção da Delegacia Circunscricional do 14º subdistrito, hoje a 7ª DP. Ainda como Prefeito, determinou, por meio de projeto de lei, a criação do Departamento Municipal de Trânsito e da Polícia Municipal.

No terceiro mandato, a ênfase de sua administração esteve nos Planos de Descentralização Penitenciária. Também promoveu obras na Casa de Detenção e no Presídio da Rua do Hipódromo. É desse mesmo período a criação da Escola de Polícia e do Policiamento Móvel Motorizado na capital. Também dotou de novos meios de transporte as unidades policiais. Governador, propiciou a Reforma da Secretaria da Justiça do Estado e criou o Departamento Jurídico do Estado. Criou também Postos de Identificação na capital e no interior e concluiu as obras de reforma da Penitenciária do Estado. Nesse mesmo ano, propiciou a transformação nas penitenciárias, nos trabalhos dos internos que deixam de ser meramente artesanais para entrar no ciclo industrial.

Administração Pública

Nos primeiros anos como administrador do Estado, promoveu ampla reforma administrativa, no entendimento de que para governar com eficiência deveria contar com uma retaguarda bem organizada. Esse empenho esteve presente como prioridade nas gestões subseqüentes. Além dos departamentos especializados, alguns dos quais posteriormente foram transformados em Secretarias, nos doze anos em que Adhemar governou São Paulo foram criadas sete Secretarias de Estado: Secretaria da Saúde; Secretaria da Educação; Secretaria da Agricultura, Indústria e Comércio; Secretaria do Interior; Secretaria de Economia e Planejamento; Secretaria de Negócios Metropolitanos; Secretaria de Esporte e Turismo.

Na reforma administrativa para conseguir realizar seus planos, descentralizou o serviço público. Nesse aspecto, outro ponto forte de sua administração foi propiciar, durante sua gestão de 1963/66, a divisão do Estado em Regiões Administrativas.

Outro ponto forte foi com relação ao trabalhador dos serviços públicos. A reforma administrativa contemplou ampla reforma no sistema de cargos e salários, introduziu concurso onde não havia, e propiciou amplos programas de capacitação do funcionalismo. Paralelamente, reorganizou o Instituto de Previdência, reformou o Hospital do Servidor Estadual, construiu boa parte do Hospital Municipal, além de realizar programas de construção de moradias.

Turismo

Desde 1940, como interventor no Estado, preocupava-se com o desenvolvimento no setor de turismo investindo em melhoramentos nas 15 estâncias criadas no litoral, na serra e no interior, dotando-as de rede de abastecimento de água e de coleta de esgoto, pavimentação de ruas, reformando e modernizando os hotéis: Guarujá; São José dos Campos; Águas da Prata; Lindóia; Caraguatatuba; Serra Negra; São Pedro; Campos do Jordão; Termas de Ibirá; Socorro. Na gestão de 1963/66, criou a Secretaria de Estado dos Negócios do Turismo, “para que o turismo viesse a ser fonte de recursos como o é na Europa”.

A primeira ação dessa nova secretaria foi elaborar Planos Diretores para as Estâncias e investir na construção de hotéis e balneários. Resolveu, também, o problema de saneamento básico e de abastecimento de água nas Estâncias.

Política Industrial

Como interventor, foi o executor do programa de Vargas, ajudando-o a construir as bases para o desenvolvimento industrial do país. Em outubro de 1938 organizou o Conselho de Expansão Econômica, com figuras de relevo dos setores industrial, agrícola e comercial. Aí se debatia os melhores caminhos para o investimento do capital privado e o apoio que o Estado poderia dar para viabilizar novos empreendimentos. Alias, essa foi uma das características marcantes das administrações comandadas por Adhemar de Barros: -chamar os setores responsáveis pela produção para debater com os técnicos do Estado os caminhos para o desenvolvimento. No início de 1939, por exemplo, chamou o Conselho para debater soluções para a crise que se apresentava na indústria têxtil.

Quando deixou o governo em 1941, esse Conselho ficou paralisado até que ele, eleito, voltou ao governo em 1947. Em 1948 já havia realizado 28 reuniões. O Conselho sugeriu e Adhemar executou, entre outras obras, o Entreposto de Pescado e Câmaras Frigoríficas em Santos; Estaleiros também no litoral santista. Atendendo reivindicação dos usineiros de açúcar, decretou a mistura de 15% de álcool à gasolina. Voltando ao governo em 1963, criou o Fundo de Expansão da Indústria de Base e o Fundo para Financiamento da Industria de Bens de Produção. Em 1944 criou o Departamento de Produção Industrial.

Dizia às classes produtoras que movimentando o tesouro do Estado para grandes obras, fomentando a economia, formando técnicos, facilitando o desenvolvimento da indústria, do comércio e da lavoura, estava contribuindo para o crescimento da iniciativa privada na produção. Chamava insistentemente os empresários a investirem na industria. Eleito para governar no período 1947-1951, fez com que o Instituto de Pesquisa Tecnológica – IPT -, em colaboração com a Escola Politécnica da USP, se transformasse em instrumento para o fomento à indústria através de programas de assistência técnica envolvendo pesquisa e formação profissional.

A Cosipa, idealizada na década de 50, só entrou em funcionamento em 1964, produzindo 800 mil toneladas. Era muito importante porque São Paulo concentrava mais de 50% da demanda de aço do país.

O Banco do Estado, multiplicando as agências pelos municípios do interior financiou em grande parte a descentralização da produção industrial.

Agricultura e Abastecimento

Entendia que o desenvolvimento da agricultura dependia de créditos a custo acessível, fomento à produção diversificada (policultura), silos, tecnologia, e vias de escoamento e distribuição. Para alcançar esse objetivo, primeira preocupação como governador foi organizar o setor agrícola.

No planejamento para o período 1947-1951, propôs a intensificação da produção agrícola para estimular o trabalho e a riqueza no interior do Estado, favorecendo a indústria e o comércio nos grandes centros. Instituiu o Cadastro Agrícola do Estado, realizou o Programa de Experimentação de Produção para Difusão do Cooperativismo. Só em 1940, através do Departamento de Fomento ao Cooperativismo, surgiram 64 novas cooperativas. Para 1950 já deveria alcançar 320. A safra relativa ao ano agrícola 1939/40 foi superior a qualquer outra colheita no estado anteriormente.

Propiciou a reorganização do Instituto Biológico de Defesa Agrícola e Animal e do Departamento Geográfico e Geológico. Criou a Comissão de Assistência Técnica aos Lavradores; elaborou o Plano de Colonização e Pequenas Propriedades e instalou a Colônia Agrícola Holambra, para imigrantes holandeses. Para executar o plano de mecanização da lavoura o Banco do Estado financiava a produção, deduzindo as despesas com a mecanização.

Outra prioridade dos governos comandados por Adhemar de Barros, para alicerçar o desenvolvimento agrícola, foi a formação e capacitação de técnicos através de escolas profissionalizantes disseminadas por todas as regiões do Estado.
Em 1948 realizou um Congresso Rural para receber sugestões sobre desenvolvimento agrícola. Em 1964 criou o Fundo de Expansão Agropecuária e, entre 1965/66, ampliou o volume de recursos destinados à agricultura e pecuária que eram de 7% para 11% do orçamento.

Paralelamente a organização da produção, foi realizado o planejamento viário com a finalidade de escoar a produção para os centros de consumo e também de exportação. O plano viário e de transporte era parte da estratégia de desenvolvimento que Adhemar propôs a cada administração que dirigiu, como Interventor e como Governador eleito para dois mandatos.

A preocupação maior no planejamento, tanto da questão agrícola como da de transporte, era o abastecimento dos centros urbanos, particularmente a capital, e o acesso dos produtos exportáveis ao porto de Santos. Nelson A Rockefeller, magnata dos Estados Unidos com grande influência na política de relações exteriores daquele país, em carta dirigida a Adhemar de Barros dizia: “não há dúvida alguma que o seu projeto para tornar possível as facilidades de comunicação modernas à enorme seção agricultural de seu Estado, ajudará imensamente a distribuição de produtos agrícolas e manufaturados. Além disso, aumentaria o abastecimento de comestíveis nas suas cidades, faria com que os rendimentos dos fazendeiros dos subúrbios aumentassem…”.

Sua preocupação com a produção e distribuição da produção agrícola tinha implícita sua preocupação com a saúde e bem estar da população: Explicava Adhemar: “(…) em todo programa de abastecimento não basta estocar mercadorias e suprir mercados: é preciso ir mais além, providenciar no sentido de criar condições indispensáveis à saúde do povo, mediante uma dieta alimentar adequada”.

No Plano de Desenvolvimento Integrado -Pladi, propôs criar centros de abastecimento nas cidades com mais de 100 mil habitantes; construiu o maior entreposto de distribuição de alimentos, o Ceasa e elevou para 400 mil toneladas, ou seja, cinco vezes mais, a capacidade da Rede de Silos distribuidores; 500 mil toneladas de capacidade para os silos coletores. Ao criar o Ceagesp, em 1949, elevou a capacidade armazenadora de 15 mil toneladas para 600 mil toneladas. Propiciou também a construção de um entreposto de pesca em Santos e de armazéns especiais frigorificados para pescados no Ceasa e no interior. O Ceasa, no Jaguaré, alterou profundamente o sistema de abastecimento da capital e do interior.

Política Energética

O problema da energia era crucial no Brasil das décadas 1930, 1940 e 1950. O rápido desenvolvimento urbano e a industrialização geravam desusado incremento na demanda e a produção não a acompanhava. País de imensos recursos hídricos não tinha, no início, recursos financeiros nem tecnológicos para seu aproveitamento. Pregava a necessidade de um esforço conjunto entre os governos federal e estaduais e a iniciativa privada para solucionar a questão.

Como interventor, liberou recursos e realizou obras que viabilizaram o projeto da Light para os rios Tietê e Pinheiros e o complexo das represas que alimentam as turbinas da usina de Cubatão e colocou em funcionamento os sistemas de Paraibuna e Paraitinga.

Em 1949, como governador eleito, fez com que a Cia. Geral de Eletricidade realizasse os estudos para aproveitamento do Rio Pardo. Nesse mesmo ano o Instituto Geográfico e Geológico realizou levantamento topográfico dos rios Paranapanema, Tietê, Taquari, Batalha, Barra Mansa, Paraná e Itararé numa extensão de 1.735 KM. Também realizou estudos das cachoeiras.

Também foi durante esse seu segundo mandato que Adhemar com o engenheiro Caio Dias Batista na Secretaria de Obras e os engenheiros Machado de Campos e Lucas Nogueira Garcez, criou a Comissão de Energia Hidroelétrica, aprovando uma política energética que vem sendo executada até hoje. A primeira grande obra projetada foi a Usina de Salto Grande.

Em 1963, promoveu estudos para unificação das empresas de eletrificação e propiciou a criação das Centrais Elétricas de São Paulo – Cesp, agrupando as Centrais Elétricas de Urubupunga – Celusa, Centrais Hidrelétricas do Rio Pardo –,Cherp e Usinas Elétricas do Paranapanema – Uselpa. É dessa época também a execução de extenso plano de Eletrificação Rural.

Em maio de 1964, o sistema Ligth tinha, além de Cubatão, a usina termoelétrica de Piratininga, e o governo do Estado estava administrando as usinas de Barra Bonita, Graminha e a construção do complexo de Urubupunga (Jupiá e Ilha Solteira).

E segundo os planos existentes, até 1970 deveriam estar em pleno funcionamento várias usinas novas no Estado: Limoeiro, Euclides da Cunha, Bariri, Graminha, Xavantes, Piraju, Ibitinga, Caraguatatuba e Urubupungá, agregando 3.000.000 kw mais que o dobro da existe.

Planejamento

Não concebia governar sem planejar. Todas as suas campanhas foram desenvolvidas em torno de uma proposta de realizações. Cada administração que esteve sob sua responsabilidade seguiu um Planejamento Estratégico e Planos Setoriais. Quando interventor, governou com os planos do Governo Federal, porém, dando espaço à participação dos investidores através do Conselho de Expansão Econômica. Quando assumiu o primeiro mandato como governador eleito, governou seguindo as diretrizes apontadas no plano A Meta é o Homem, com que se apresentou como candidato.

E ao assumir seu segundo mandato como governador eleito, governou obedecendo ao Plano de Desenvolvimento Integrado – Pladi. Completou essa sua idéia com a criação da Secretaria de Planejamento.

Desde o tempo de Interventor do Estado, colocava a necessidade de integrar o planejamento da produção agrícola e da política viária para escoamento das safras entre os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Todas as estradas que planejou obedeciam a esse critério. As principais ferrovias e rodovias eram vias de penetração em direção ao Oeste e se interligavam com o Porto de Santos, que queria fosse o embarcadouro da produção também do Paraguai e da Bolívia.

O Pladi, apresentado em 1964, define as tendências da evolução da economia paulista e o papel que o poder público espera desempenhar no triênio 1964/66. O plano é normativo no que se refere a investimentos do Estado e indicativo para o setor privado e fixa meta de crescimento da economia em 7% quando o crescimento demográfico estava em 3,5%. Prioriza para o Vale do Paraíba a promoção de condições humanas de vida e trabalho e a ampliação do mercado de trabalho pela criação de novas atividades.

Outro ponto forte durante sua gestão de 1963/66 foi propiciar a divisão do Estado em Regiões Administrativas.

O ciclo do café em São Paulo começou no Vale do Paraíba, mas essa região permaneceu algumas décadas abandonada, de tal forma que chegou a ver sua população diminuída. O maior problema era o das inundações e suas seqüelas sanitárias, inutilizando mais de 35 mil alqueires de terras férteis.
Em sua primeira administração, iniciou os trabalhos do que qualificava dereerguimento dessa região. Para isso, criou o Serviço de Melhoramentos do Vale do Paraíba, com mais de 20 engenheiros dirigindo turmas empenhadas na coleta dos dados hidrológicos topográficos e geológicos indispensáveis ao estudo dos problemas.

Em novembro de 1939, anunciava que em seis meses haviam estudado 120 km de rio, compreendendo uma área de 40 mil hectares.
O Pladi, elaborado para sua administração de 1963-66, priorizava para o Vale do Paraíba a promoção de condições humanas de vida e trabalho e ampliação do mercado de trabalho pela criação de novas e mais rendosas atividades.

Tradicionalmente uma das mais atrasadas e abandonadas regiões do Estado. Achou com acerto que o melhor caminho para o desenvolvimento da região era seguir sua vocação mineradora desde os tempos coloniais. Mandou explorar as minas de ouro, chumbo, estanho, zinco, cobre, ferro e mármore da região, construindo usinas em Apiaí e Iporanga, represando o rio Palmital para gerar a energia necessária.

Em novembro de 1939, na reunião de interventores federais, anunciava que“nessa região estamos instalando usinas capazes de fornecer ao país, e sobretudo às forças armadas, nada menos de 10 toneladas diárias de chumbo, e podemos produzir também 300 a 400 gramas diárias de prata”.
Anos depois, em 1955, falando a empresários no Rio de Janeiro, lamentava que a Usina de Apiaí não tivesse prosseguido em sua importante tarefa, que produzia 10 toneladas de chumbo quando deixou o governo e disse não saber o que ocasionou a paralisação.

Inaugurou Centros de Saúde e escolas em pelo menos oito municípios da região e a 18/1/50 inaugurou o único hospital até hoje construído no Vale do Ribeira, o Hospital Regional de Pariquera Açu. Em dezembro de 2000, a comunidade de Pariquera Açu comemorou festivamente o 50º aniversário da conclusão das obras desse hospital.

Ele acreditava “que não existem raças nem povos inferiores ou indolentes. O que existe, isto sim, como no caso particular de que tratamos (o subdesenvolvimento do Vale do Ribeira), é falta de uma orientação assistencial que eduque a população no sentido de despertar-lhe e assegurar-lhe os princípios de uma vida elevada e digna, que é a que merece a pessoa humana. Proporcionamos, pois, a ela toda assistência de que necessita e vê-la-emos transformada no poderoso fator de trabalho e progresso, que é o elemento homem, forte, sadio e civilizado”.

Para integrar a região à economia do Estado, providenciou a ligação por mar entre Iguape e Santos, e completou a linha férrea da Sorocabana no trecho Juquiá – Santos. Promoveu também a recuperação do serviço de navegação fluvial na bacia do Ribeira, que estava a cargo de empresa particular, passando-a para a Sorocabana. Para muitos dos povoados da região o único contato com a civilização era a chegada do barco com o correio, o padre para casamentos e batizados. Mais tarde, foi providenciado um barco hospital que atendia a população do Vale.

Quando assumiu o governo, eleito, em 1947, a situação da agricultura – particularmente nas culturas de banana e arroz – estava bastante deteriorada por causa das enchentes. Solicitou, então, um estudo indicando as providências a serem adotadas imediatamente, as quais foram efetivamente realizadas: Ponte sobre o Rio Juquiá, em Santo Antonio de Juquiá; Ponte sobre o Rio Ribeira de Iguape, em Registro; Construção de estradas de rodagem que façam ligação de Iporanga com Xiririca (Eldorado Paulista) )passando pelas barras do Turvo, Braço e Batatal) e de Iporanga a Serrana, passando por Braço; Construção de um trecho de estrada de rodagem ligando diretamente às minas de fosfato de Jacupiranga à estrada da ex-colonia, para dar saída rápida do minério até o Mar de Cubatão; Recomeçar e concluir a construção da estrada de Biguá à Iguape, em uma extensão de 50 km, dos quais 12 já estão concluídos; Construção de um cais atracável no Cubatão, no mar do mesmo nome, para escoamento dos produtos regionais por via marítima; Proceder o balisamento da Barra do Icapara; Desobstrução do Rio Ribeira e seus afluentes em seus trechos navegáveis; Reaparelhamento dos navios da antiga Cia. De Navegação Fluvial Sul Paulista e reiniciar regularmente o transporte fluvial marítimo; Regularizar o serviço de navegação, em canoas com motor de popa, entre Xiririca e Iporanga; Regularizar o serviço de correio em Iporanga; Facilitar a criação de uma linha regular de ônibus entre Iporanga e Apiaí; Prolongar a Estrada de Ferro Sorocabana além de Juquiá, conforme plano já existente; Prosseguir a construção da estrada de rodagem Juquiá a Santos; criação de uma Estação Experimental Tropical em Santos; Criação de um campo de produção de sementes e mudas, destinado a atender os agricultores do litoral, em Registro; Criação de um Posto Zootécnico, em Registro; Criação de um Posto de Monta, em Xiririca; Criação de uma Escola de Pesca, em Iguape; Criação de uma Escola Profissional Mista, em Registro; Criação de um Centro de Saúde, em Iporanga; Reaparelhamento dos Centros de Saúde e de meios para facilitar a permanência dos médicos nas suas zonas, dando maior eficiência ao serviço.

Em 1950, mandou construir o Aeroporto de Pariquera Açu e, quando retornou ao governo em 1963, instruiu a equipe do Planejamento de sua administração a preparar o Plano Global para o Desenvolvimento do Vale do Ribeira e Litoral Sul. O Plano previa obras contra cheias, irrigação e drenagem, geração de energia, abastecimento de água e urbanização.